segunda-feira, 26 de julho de 2010



Eu abro o coração e a mente para a consciência de que os outros podem ver coisas a meu próprio respeito que eu não consigo enxergar.
Quando alguém chamar a sua atenção para aquelas fraquezas que você vem ignorando ou negando, não se zangue! Sabe, a vida usa as pessoas para nos alertar e permitir nosso crescimento. A pessoa é, simplesmente, uma ferramenta da vida. Ela está sendo usada pela vida quando você resiste em trabalhar as suas próprias fraquezas!
Dá para saber quando alguém diz uma coisa que nos causa resistência porque sentimos aquilo nos bater na boca do estômago, as orelhas esquentarem e as faces ficarem vermelhas. A sua primeira reação, talvez, seja querer interromper o outro. Ou, no instante em que ele acaba de falar, partir para o ataque. Quando você se pegar fazendo assim, pare! Pergunte-se: Por que é tão difícil ouvir isso? A que estou resistindo?
Você sente necessidade de se defender quando o outro percebe a sua fraqueza. Não estamos falando de situações em que a acusação é falsa ou superficial. Nem das situações em que o outro despeja a fraqueza dele sobre você. Estamos falando das situações em que alguém lhe revela coisas que você se recusa a enfrentar. Aquelas coisas que você procura esconder. Portanto, quando isso acontecer, esforce-se para náo se zangar. Veja isso como um sinal de que a vida quer lhe ajudar. Aproveite a oportunidade para se curar.
Até hoje, você pode não ter se dado conta, ou talvez tenha relutado em reconhecer, que há muitas coisas a seu respeito que requerem um pouco mais de atenção. Na realidade, você pode ter reagido de maneira excessiva e iritada quando alguém as apontou. Hoje, permita-se tomar consciência das suas fraquezas quando estas lhe forem mostradas. Preste atenção especial nas coisas que causaram raiva quando foram ditas, Não é fácil, mas considere uma benção do Espírito elas lhe terem sido apontadas.
Hoje eu me dedico a permitir que a vida me revele coisas que preciso saber a meu respeito.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Shiva o Destribuidor


Há muitíssimo tempo, havia três grandes deuses, filhos do Grande Deus Desconhecido, assim chamado porque - segundo narram os sábios - nenhum homem podia Dele se aproximar, a menos que tivesse o coração puro e limpo e merecesse, por suas virtudes, a graça de Sua visão.

Estas três divindades eram, como seu próprio Pai, imaculadas. Brahma, o primogênito, teve por tarefa a criação de todo o universo; o segundo, Vishnu, dedicou-se á conservação e cuidado da obra de seu irmão; enquanto que o mais difícil de todos os trabalhos, coube a Shiva.

- Eu modelo os mundos disse Brahma - para que todas as almas manifestadas tenham a oportunidade de cumprir seu ciclo e retornar à Consciência de nosso Pai Celeste. E por esta razão que crio estrelas e gotas de orvalho, e algum dia, todos seremos novamente UNO. Tempo e Espaço poderão então descansar, pois ninguém necessitará deles.

- Eu cuido da tua obra - falou Vishnu -, e velarei por ela dia após dia, minuto após minuto, para que se mantenha tal qual tu a criaste. Não terei sossego enquanto existir uma só criatura que deva transitar pela "casa das formas" em busca da essência de nosso Divino Pai.

- E tu Shiva? - interrogaram ao terceiro.

- Meu papel é muito difícil, queridos irmãos. Os homens que me contemplam, mas que permanecem aferrados á matéria, verão em mim seu destruidor, porque certamente serei eu quem levará suas almas de regresso ao reino de nosso Senhor. Os sábios, em troca, amar-me-ão buscando-me; e eu, prazeiroso, procurá-los-ei para orientá-los no caminho de retorno àquele mundo do qual jamais voltarão; mundo esse que só podem habitar os homens que alcançaram o supremo estado de perfeição espiritual.

- Sim - disse Vishnu - teu trabalho é árduo, e poucos poderão entendê-lo. Deverás ensinar aos homens que todo este universo criado por Brahma, e custodiado por mim, é pálido reflexo do outro, o real, que mora no coração de nosso Pai. Deverás fazer com que entendam que, ficar apegado a estas formas plasmadas por nós, é pueril. O sábio vê o intimo das coisas, e se une á Essência Suprema da qual tudo isto provém.

Assim foi sempre, e o é ainda agora. Enquanto Brahma cria o cosmos, Vishnu o protege, e Shiva ensina ao coração de todas as coisas, o meio pelo qual atingir a divina meta. Shiva, deus da Misericórdia e do Amor, com infinita ternura, alerta os homens para não se extraviarem na busca daquela Essência Suprema.

- Se souberdes abandonar todos os bens terrenos - diz a seus discípulos -, podereis achar o caminho da Imortalidade, nunca antes. Deveis matar todo apego físico e mental às coisas transitórias, a fim de que vos ilumine a glória dos bens eternos.

E como bom mestre de almas, ele próprio pratica uma austeridade tão rígida, que se tornou conhecido como o maior dos ascetas religiosos. Nada possui na casa-criação de seu irmão Brahma; nela, nada lhe pertence, a não ser as almas que ele, ansiosamente, busca elevar para uni-las a seu Divino Pai. Ainda que príncipe, veste uma humilde túnica de anacoreta, anda descalço, não participa de festa alguma neste mundo, e tudo quanto faz é concentrar sua mente e seu coração naquela amadissima Essência. Na mais alta montanha da índia, lá nos Himalaias, costuma-se vê-lo junto aos monges penitentes que vivem nas neves orando ao Deus Supremo. Eles também adoram Shiva, que reconhecem como seu mestre; e dizem que ele mora no monte Kailasa, perto do lago Mansarovara. Nesse louvado cume onde só chega o vento gelado, ele fica submerso em profunda meditação, tentando colocar toda sua vontade e seu amor na tarefa de despertar almas.

O Kailasa é um monte estranho: quando Shiva está meditando, afirmam que o próprio céu estremece de regozijo, agita-se a neve de suas encostas e as altas montanhas inclinam-se reverentes para, ansiosamente perguntar-lhe:

- Ó misericordioso Shiva! Quando estaremos libertas de nossos corpos de matéria, a fim de nos unirmos outra vez Àquele, nosso Senhor?

Os sábios contam que numa ocasião, quando Shiva estava absorto em profundas meditações, pareceu-lhe por um instante que todos haviam abandonado suas formas materiais; não existiam já nem pássaros, nem estrelas, nem homens, pois tinham-se convertido nesse Grande Desconhecido. Ao ver a criação reintegrada a seu primeiro lar, sentiu-se tão feliz que, no meio do vazio infinito, começou a dançar. Essa maravilhosa dança de Shiva é evocada ainda hoje, em toda a Índia; assim, uma vez por ano os monges a representam, querendo significar com isto que chegará o dia em que o universo inteiro tornar-se-á uma Única Realidade.

Shiva nada pede a seus devotos; uma vareta de incenso, uma flor ou uma simples oração é suficiente para louvá-lo. Todavia, para ele também são louvores as lágrimas de todos os que sofrem as misérias da vida terrestre.

Existe uma árvore que particularmente aprecia, e sob sua generosa sombra costuma abstrair-se em longas meditações. Na Índia chamam-na bael, e os devotos do Misericordioso depositam aos pés de suas estátuas, flores, folhas e pequenas lascas dessa madeira.

Diz a tradição que um dia, quando Shiva orava ao Deus Supremo, foi atacado por uma quadrilha de ladrões que, o desconhecendo e acreditando que fosse um rei, não por suas roupas, mas por seu porte, golpearam-no com bastões de bael para roubar-lhe o dinheiro que, imaginavam, possuía. Shiva não interpretou este ato como uma agressão; ao contrário, pensou que se tratava de devotos que lhe ofertavam pedaços daquela madeira, de um modo muito particular; entretanto, o único que pareciam conhecer. Nem por um instante cogitou em castigá-los, e sim agradeceu-lhes a dádiva de seu amado lenho. Os ladrões fugiram espavoridos, pois não compreendiam como alguém podia sorrir e agradecer cada golpe que recebia.

Numa outra oportunidade, descendo de seu monte Kailasa, pôs-se a contemplar todas as criaturas. Assim, viu nas selvas dos Himalaias um poderoso leão, respeitado por sua ferocidade e admirado por seu porte, que perambulava pelos intrincados caminhos; observou o tigre, as gazelas, o cordeiro, os pássaros, descobrindo com profunda alegria os cuidados e esmeros que havia tido seu irmão Brahma quando lhes deu suas formas adequadas. Por uma ou outra razão, todos eles eram queridos, procurados e elogiados. Mas, ai! quanto sofreu ao ver as serpentes, fugindo sempre das águias, dos homens de todo mundo!

- Ó Senhor da Piedade! - queixou-se tristemente Takshaka, o rei das serpentes. - Ninguém nos quer; absolutamente ninguém! Homens e animais procuram sempre nos matar! Não há em todo o reino deste mundo, criatura mais desditosa que o réptil...

E o senhor Shiva, com infinito amor, alçou várias delas e lhes disse:

- Como ninguém vos ama, dar-vos-ei meu coração e proteger-vos-ei com todo zelo. E assim o fez. Para que ninguém as atacasse, acolheu-as junto de si. Timidamente, algumas se enroscaram em seus braços, outras em seu pescoço e cabeça. Desde aqueles remotos tempos, pintores e escultores vêm fazendo quadros e estátuas do deus Shiva e suas serpentes... Muitos procuram um estranho simbolismo neste fato, cujo verdadeiro significado é o infinito amor que Shiva prodigaliza aos desamparados. Entre estes, também está o homem. O Senhor da Misericórdia, dá abrigo àqueles que o mundo rejeita, pois sabe que o Deus Desconhecido depositou sua essência em todas as criaturas, ainda que estas sejam - na aparência - decrépitas ou mentalmente aleijadas. Eis porque ele também ama os maus Logo serão perfeitos - diz suspirando. - Chegarão a descobrir-se e ser realmente o que são, isto é, filhos de nosso Pai Celeste.

Desta forma, Shiva vai de era em era, de cultura em cultura, ensinando às almas o caminho do retorno à Morada Eterna.

Ganesha é o Mestre do Conhecimento, da Inteligência e da Sapiência. É aquele que proporciona a potência espiritual e a inteligência suprema. É o grande removedor dos obstáculos, Guardião da Riqueza, da Beleza, da Saúde, do Sucesso, da Prosperidade, da Graça, da Compaixão, da Força e do Equilíbrio.

Ganesha significa "Senhor de Todos os Seres". É filho do Senhor Shiva, a "Realidade Suprema", e de Parvati, a "Mãe do Cosmos".

Seus sinais sobre a testa representam as três dimensões: a região inferior, a Terra e o Paraíso. Suas orelhas simbolizam a grande sapiência da educação espiritual. Seus olhos enxergam além da dualidade, o espírito de Deus em cada um. Sua tromba indica capacidade intelectiva. Suas presas representam os mundos material e espiritual, negativo e positivo, Ying e Yang, forte e fraco. Sua enorme barriga indica capacidade de "ingerir" qualquer experiência, representando também a abundância. Seus braços representam os
quatro atributos do corpo: mente, corpo, intelecto e consciência.

Em sua mão direita (acima) carrega uma machadinha, que decepa os apegos do mundo material; na outra (abaixo), o sinal do OM, que abençoa com prosperidade e destemor; na mão esquerda (acima), o laço significa a fertilidade, a própria natureza; na outra (abaixo), gadu, um doce feito de grão-de-bico com açúcar granulado ou doce-de-leite com arroz, que representa a satisfação e a plenitude do conhecimento. O rato significa que devemos ser astutos e diligentes em nossas ações. A serpente é o símbolo da energia física, guardiã dos segredos da Terra.